tag:blogger.com,1999:blog-336059932024-03-13T21:26:36.797-07:00voa tu, que eu já não posso.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-2991006880991574562008-09-28T09:36:00.000-07:002008-09-28T09:42:53.220-07:00por um fim.E, de repente sem voz, sem tom nem acento. intimidado por um afazer que desconheco, que nao vejo. sons palidos. murmurios insanos. um vento que nao levanta e nao me levanta daqui. de baixo. do fundo de um cul de sac. do termo de um sonho que ainda nao me deixou findar. fincando os pes na madeira de soalho que escorrega e foge sem que disso me aperceba. treme de bicho, esplendido.<br />qualquer dia esta casa levanta voo. qualquer dia, prometes?Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-19714633741250328862008-06-15T15:39:00.000-07:002008-06-15T15:50:18.649-07:00danças no escuroFoste um olhar furtivo, acertivo, escondido entre o enrolar de uma conversa de dias, de menções terríveis, de jogadas preferidas e incompletas. Foste uma corda que se me amarrou no pescoço e apertou com convicção, lenta, discretamente, mas retiravas-me a voz aos poucos. Só sabia dizer o qu eme tinhas dito, só sabia ver o que tinha vitso pelos teus olhos. Desconheço os lugares que digo que percorri, não tinha idade, não tinha visão que fossem os meus. Sou bela, disseste-me uma vez. Já outros me lembravam constantemente a minha pequenez. Não sou baixo, mas não consigo vez para cima de ti, nem aos saltos, nem te tentar contornar. Nem sei se quero tentar. Tiraste-me mais do que outros noutras alturas, tiraste-me a vontade de viver uma vida que fosse minha. trocaste-me as voltas, apagaste-me o caminho que se estendia a minha frente. E eu que me tinha prometido não deixar que isso acontecesse. Deixaste-me aqui, num nó, do fáceis. Amarraste-me a voz latamente e agora, sentado nessa cadeira de braços a minha frente, inspiras o fumo com que me toldaste a vista e esperas... esperas. Que queira soltar-me a voz, que te confirme a tua importância derradeira para me deixar de falar, esperando a pena no silêncio que possa remeter palavras que sejam minhas e não essas que já disseste. Quando me soltar, quando me decidir soltar, querer-te-ei ainda? Tens de ficar para ver, meu cativo. Tens de esperar nessa cadeira de âncoras. Tens de desesperar.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-25485538290699852902007-03-02T14:42:00.000-08:002007-03-02T14:46:36.423-08:00ES.TU.PORBURRO.NHURRO.AMADOR.BOMBEIRO.SAPADOR.LAMBE.CANTOS.BESTA.QUADR<br />ADA.AZUL.E.PINTADA.LINGUARUDO.GUEDELHUDO.PENSAMENTO.DE.RENA.IDIO<br />TA.CHAPADO.MACACO.ACHATADO.TOALHA.DE.MESA.AOS.QUADRADOS.PINTIN<br />HAS.NAS.POÇAS.DAS.SARGETAS.ENTUPIDAS.DA.RUA.PAREDE.INFINITA.TINTA.<br />REBOCADA.RANHOSO.FACADA.MARTELADA.PINCEL.SEM.CABEÇA.NEM.CÚ.QUE.<br />SE.VEJA.SEM.IDEIA.PRÓPRIA.NEM.ALUGADA.SEGUIDOR.CEGO.BRUTO.CACO.GOTA.<br />NUM.LAGO.DE.IDIOTAS.SUADOS.MASTRONÇO.PALONÇO.BASOFO.BALOFO.CHAPA.<br />7.SEM.SÉRIE.MARCADA.FOLHA.RASGADA.CORTE.DE.PAPEL.NALÍNGUA.DO.IDIOTA<br />.PARVALHÃO.PORTA.CORCOMIDA.E.MACARRÃO.PARA.CÃES.CARAPAU.DE.SOLUÇO<br />.CENTOPEIA.RACHADA.VELHO.RANÇOSO.RANHOSO.PUTO.ESTÚPIDO.PARVO..PAR<br />VO…PARVO.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-1165463861919782602006-12-06T19:29:00.000-08:002006-12-06T19:57:41.930-08:00e, de repente,parou.<br />Assim, do meio do nada, parou.<br />Olhou para trás, não, não posso, já chega, virou-se para a frente e tentou respirar.Vamos, é fácil. Não, não posso. É fácil, sabes lá tu, deixa-te de merdas e respira, pára com isso! Não é por me dizeres para respirar que vai ser mais fácil! Não é -DE TODO- fácil! Pára! Bate, bate, bat, bat batbat, bat, batbat, não bate. Respira, está quieto! Vamos, pára! não parou. inspira, ainda não parou, bate bate, batbat. suspira, mas respirar é mais difícil. Não se pode deixar pensar nisso. nem deixar de pensar. Não me toques. Mas temos de saír daqui, não temos de ir a lado nenhum, não me toques. Não sente os joelhos, deixou-os lá atrás, quando virou a enésima esquina sempre, sempre a acelerar, respira, já nem consegue rir. Tem os lábios trancados num esgar que lhe rasga a cara até à nuca, mas nem isso facilita a entrada do ar, cortante. que nem lâminas. soluça, já não sabe o que fazer, já nada controla, já nada comanda, nem o senso comum, nem o juízo, nem o batebate nem o deixar de bater. Até isso está nas mãos de outra pessoa, não batas, por favor, não me batas mais. Não sente os dedos, partiram-lhos lá atrás, quando dobrou a enésima mentira sempre, sempre a inventar, a acelerar, inspira, já nem consegue soletrar. Tem os ouvidos marcados por riscas de som que lhe passaram a cabeça enquanto corria, mas nem isso impede que ouça a voz afilada que penetra o cérebro de lés a lés. soluça, já não sabe o que fazer, tem cada vez menos controle, já nada comanda, nem a ponta dos dedos, nem a ponta da língua, nem o pulsar nem o deixar de doer. Até isso está nas mãos de outra pessoa, não doas, por favor, não me magoes mais. Não sente as costas, quebraram-lhe o pescoço lá atrás, quando lhe partiram a enésima costela sempre, sempre, sempre a abrir, sem hesitar, sem duvidar que não voltariam a pensar no que estavam a fazer. Sem duvidar de que se esqueceríam da sua cara, do seu ser, do seu olhar ensaguentado como demasiados outros, da maneira como lhe rasgaram a língua com um alicate redondo, como lhe enfiaram o crâneo para dentro com um tijolo quando começou a correr, demasiado longe para que lhe chegassem punhos, bolas de ferro, que se lhe destinavam. Sem duvidar, sem esquecer o pormenor, para depois não lembrar de mais um, igual, menos um, melhor. Não sente a testa, muito menos os lábios, arrancaram-lhos quando queriam respostas os mestres da retórica, quando lhe estilhaçaram o enésimo dente e o fizeram engolir na pressa de consumar a sua mentira. Entre dentes, não, nem os odia ranger. Já nem se podia conter, não deixaram, mas deixaram-lhe o corpo ali, mas não lhe deixaram nada com que se pudesse identificar. Nem deixaram que tivesse alguma dignidade, até esses farrapos lhe levaram. Deixaram-lhe o bater, o bate bate, o bat bat o bat -- já bate pouco, pouco falta para resistir. Por favor. Não bate. Por favor. virem-se. deixem que não bata. virem-se, por favor. deixem-me. aqui. deixem que fique aqui... até que deixe de me bater. até que não bata. até que não... não bate.<br />e, de repente, parou.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-1162550047106315382006-11-03T02:31:00.000-08:002006-12-06T20:06:04.066-08:00Virou a esquerda,nem sabe bem porquê. Mas virou. A luz nem estava particularmente bonita naquele lado, não era brilhante nem fazia resplandecer absolutamente nada. Podia, mas não fazia. Os passos logo deixaram de ecoar, o ribombar da sola no cimento já não tinha paredes nuas de onde se relancar em saltos mais efusivos. As cortinas vermelhas pesadas que contornavam as paredes descaíam dos carris algures lá muito no alto, mas ainda assim abafavam qualquer som que pudesse emitir. Ninguém ouviu o seu grito, portanto. Tambem não gritou. Não havia qualquer necessidade disso. A canção era-lhe já conhecida - um fado como qualquer outro que teima em se pendurar do ouvido como um cabelo teima em se agarrar à camisa. Virou à esquerda como quem sai de um corredor qualquer. Olhou em frente como quem já nada via. E não viu. Não havia nada lá, o espaço fora completamente esvaziado. E isso era estranho, embora ela não o pudesse ver. Mas o vazio sente-se, porque damos sempre pela falta de alguém que apesar de tudo não se encontra ali connosco. A presença era outra. Era o nada que a conduzia para parte alguma. Era a visão de quem cegou há muito. De quem nunca chegou mas partiu há demasiado tempo. O problema da demora é que a memória nem sempre consegue reter todos os passos que damos até à porta de casa, quantos degraus subimos ao certo, quantas vezes rodamos a chave para descobrir que nos esvaziaram a cabeça, nos levaram tudo aquilo que nos lembrava quem éramos, o que fomos, que fizemos, quem nos viu fazê-lo. Deixou as chaves cair no chão. Nem mesa lhe tinham deixado para as poisar na entrada. Nem cadeira para sentar o desespero. Ladeou a cabeça que já fechara os olhos descrentes por detrás de uma ilusão que reinventava o que lhe havia pertencido, o que lhe havia sentido. Virou à esquerda porque mais nada tinha sentido.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-1162437746199634282006-11-01T19:01:00.001-08:002006-11-01T19:32:06.030-08:00corante de maçã<span style="font-family: verdana;font-size:85%;" >e frescura matinal sempre ajudaram a começar o dia, por mais chuvoso que fosse. no entanto, naquela nuvem daquela manhã o dia não se mostrava nada matinal na sua escuridão, embora a frescura lá estivesse. de soslaio, olhando. demasiado presente.<br />Tentei segurar-me às forças que todas as manhãs galãmente conferem, num eloquente toque de malícia, a quem se propõe massacrá-las com demasiado frenesim de chávenas irrequietas e torradas de pão esmifrado entre dedos engordurados. Geleia na mesa.<br />Migalhas no chão. sorrisos falsos entre quem não se quer ver e não quer ser isto. esta coisa pegajosa que nem sabe falar. palavras não brotam detrás de grades de sono epiléptico. e o desmaio não é salvação para ninguém, muito menos o suspiro. percorrem-se ruas desnudas. discursam-se caminhos perdidos. o nevoeiro nunca é denso o suficiente para esconder os arranhões da noite. nem as feridas do dia. marcados no chão ainda estão frescos os passos das putas, os assobios dos cães ainda se colam às paredes.<br />Não escorrem porque têm horror às sarjetas que escoam águas alheias, babas e olheiras das noites que outros não deixaram dormir. já niguém se lembra da última vez que dormiu. uma noite seguida de sussurros em vielas, de aconchegos brutos, de mordidelas ao ouvido, de trapos presos em pregos, rasgados no meio do suor.<br />Roçam as carroçarias dos taxis madrugadores com os chassis dos que acabam a carreira. os bigodes trocam saudações, tropeções no escuro de uma luz que teima em perguiçar. esse candeeiro nunca acendeu.<br /></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-1157133999765983432006-09-01T10:43:00.000-07:002006-09-01T11:06:39.836-07:00How can you tell<span style="font-size:85%;"><span style="color: rgb(204, 204, 204);">when you've lived long enough in your house?</span><br /><br />when you walk down a corridor and without blinking you go around every single planted object in your way... and then bump into a space that should empty and suddenly realise you woke up. When you dont even turn on the light when you pee. You stop seeing your walls. Instead you make an instant image of what is beyond it, on the other side. Or further. When you don't even count your socks but know exactly how many there are. Or when you don't, they just never seem to run out. When you can identify every single bump on the corners, relating them to a very specific person and situation. You don't notice it until someone asks you why your glasses are all different. And the dishes too. You're just not that anxious to paint over the flaky bits on your kitchen ceiling. They won't fall anytime soon anyway. You have pictures of dead relatives on your fridge window, from the time they sent them to you for Christmas. You know all your neighbours' names. And their children's just as well. You can't remember what it looked like when you moved in. You don't count the steps on your way to the door, your foot doesn't fail. The creeking doors are company. You've long stopped asking yourself if there might be intruders every night the floor creeks. You could walk blindfolded and not trip on the carpets or even bump your pinky toe on the corners of your tables. Not even on the one you usually hit. You keep in the back of your mind a map of the areas of the floor that creek when you step on them. Nothing is farther than an arm's lenght. The kitchen cupboard doors don't quite open so you've arranged your day-to-day things to be handy enough. Your apron is by the oven. Your shoes by the exit door. The telephone is next to the couch by the TV. Your plate is by the bed. The gun isn't really hidden. Neither are your secrets. You've left the old wallpaper on the spare room. As well as the extra roll of the new one. Somewhere. You laugh a little smile to the mirror everyday. Just as you do the window sills. And the bits of paint on the corners.<br /></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33605993.post-1156967016755995142006-08-30T12:34:00.000-07:002006-08-30T12:43:36.770-07:00se achavas<span style="font-size:85%;"></span><span style="font-size:85%;">que me ias deixar calado, enganaste-te bem.<br />começo aqui a minha vingança<br /><blockquote></blockquote><span style="color: rgb(204, 204, 204);">e a minha redenção</span><br /><br />rendi-me<br />à palavra que foste<br />e àquela que sou<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">não</span><br /><br />deixei-te descrita nas paredes de outros tanto quartos<br />deixei que o teu último suspiro se pendurasse<br />para enferrujar<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">não me faças isso</span><br /><br />marquei-te<br /><br /></span><span style="color: rgb(204, 204, 204);"><span style="font-size:85%;">não me tocaste<br /><br /></span><span style="color: rgb(0, 0, 0);"><span style="font-size:85%;">vinquei-te as pernas<br />deixei-te o cabelo mastigado<br />arrancado a punho seco no chão por baixo dos teus pés<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">nem olhaste</span><br /><br />empastelou o último riso que largaste ao descuido,<br />rameloso de tão velho<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">cão</span><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">penduraste-me pelo peito</span><br /><br />ladrei-te<br />que me ouvisses<br />julguei-te.<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);">morta</span><br /><br />minha.</span></span></span><span style="color: rgb(204, 204, 204);"><span style="color: rgb(0, 0, 0);"><span style="font-size:85%;"></span><br /></span></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/16013375446296782712noreply@blogger.com0